A proposição projetual desta residência foi trabalhar com arquitetura vernacular, de forma que valorizasse os materiais e os recursos da região em que ela está inserida e dialogasse com o clima local. Além de se situar em um lote desafiador de esquina, a família solicitou que o pôr-do-sol pudesse ser contemplado de dentro da residência.
Dessa forma, a orientação solar tornou-se o conceito que dirigiu o desenvolvimento do projeto e a nomeou como Latitude 29, pois sua localização geográfica define a sua relação singular com o sol e originou o desenho de um brise de tijolos maciços que funciona apenas para o local onde ela está situada.
No térreo, há uma forte integração da área social com o paisagismo por meio de um grande vão livre coberto pelo segundo pavimento e estruturado por esbeltos e elegantes pilares aparentes. Este espaço foi projetado para ser a garagem, mas também oferece a possibilidade de recuar os carros para o jardim e tornar-se uma extensão da área de lazer.
O segundo pavimento dispõe das áreas íntimas da residência e de um corredor orientado a oeste, onde se fez necessário um brise vertical para promover melhor conforto térmico. A colocação de uma única janela que funciona como um mirante de contemplação do pôr-do-sol conferiu sofisticação ao espaço.
A composição formal da Latitude 29 expressa uma forte hierarquia da solidez do segundo pavimento sobre o vazio do vão aberto no térreo, criando um jogo de cheios e vazios que também acontece nos brises de tijolos maciços e que, aliado ao projeto de iluminação da residência reproduz cenários de luz e sombra que encantam o observador.